Meditar

Uma tarefa simples, mas muitas vezes não tão fácil: meditar.

Para aqueles que se interessam, divido com vocês uma técnica de meditação, dentre tantas, esta tem como embasamento a prática de shamatha (que significa aquietar, cultivar e neste caso, a habilidade de manter a mente menos ativa).

Se conseguir um tempo durante o dia, você pode usar esta técnica. A duração de 24 minutos diz-se ideal para a prática. Nesta, desenvolvemos três qualidades da atenção: relaxamento, estabilidade e vivacidade.

Primeiramente senta-se numa posição confortável, sendo no chão com uma almofada ou numa cadeira se assim preferir. Se você se sentar numa almofada, com as pernas cruzadas (em siddhasana), tente trazer os ísquios para trás, sem arcar a lombar, com a função de sustentação da coluna ereta. Se seus joelhos ainda estiverem mais altos que seu quadril, tente se sentar numa almofada um pouco mais alta, para que se sinta confortável. Quando sentado no chão (com a almofada) ou quando sentado numa cadeira, traga o queixo levemente em direção ao peito para alongar a parte posterior do pescoço. Com os ombros e musculatura lombar relaxada, traga uma sensação de leveza para a postura.

Traga agora, a consciência para a respiração, para o movimento e ritmo natural da respiração. Quando observando a respiração, coloque ênfase tanto no relaxamento do corpo quanto em acalmar a atividade mental. A ênfase no relaxamento se dá principalmente na expiração, sem se distrair, sem adormecer; se soltando cada vez mais da identificação com os pensamentos. Observando o ´pulsar´ da respiração.

Relaxando mais profundamente a cada instante, sem adormecer. Se por alguma razão se sentir sonolento, faça uma inspiração mais longa e forte. Sempre tentando dissolver a energia da compulsão de pensamentos. Durante o processo não há, de maneira alguma, o controle ativo da respiração. Notando a respiração longa, se a respiração é longa; e notando a respiração curta se a respiração é curta.

Depois de algum tempo o organismo se estabelece, diminui o ritmo e mesmo sem manipulação, a respiração se torna mais curta. Porque estamos mais relaxados, o ritmo da respiração é mais breve e menos profundo. Novamente notamos a respiração curta, quando a respiração é curta, na inalação e na exalação. Damos ênfase agora na estabilidade, mantendo a consciência no ritmo de toda a respiração (sem focar somente num lugar como, por exemplo: nas narinas, no peito ou no abdômen, mas em todo o pulsar da respiração). Notando a quietude dentro do movimento e mantendo sua continuidade.

Mantendo sempre o comprometido com a prática e engajado na respiração contínua e calma. O volume de ar necessário para a inalação e exalação diminui. Agora preste atenção em todo o corpo da respiração, o movimento do pulsar da respiração. Com a continuidade da prática e percepção mais aguçada, nota-se que com a respiração menos profunda, a intensidade das sensações tende a diminuir e se tornar mais sutis.

Com a respiração menos profunda, há menos volume de ar na inalação e exalação, e a experiência do pulsar da respiração se torna ainda mais sutil. Quando nos mantemos comprometidos e engajados a essas sensações mais sutis, naturalmente desenvolvemos a qualidade de vivacidade da atenção. Assim acalmando todo o sistema a cada inspiração e a cada expiração. Continuando assim pelo tempo necessário e que esteja disponível.

Boa prática e nos vemos no tapetinho!
Marina x

Fonte: Alan Wallace – Podcast Retiro Shamatha 2014. Revisão de texto: Jeanne Pilli